Introdução
O cineasta Alex Viany, que durante mais de quatro
décadas, dedicou-se à produção do cinema brasileiro, atuou de forma
definitiva na criação e desenvolvimento do pensamento estético,
ético e artístico da cinematografia brasileira, tendo sido precursor
do mais importante movimento da história do cinema no Brasil, o
“Cinema Novo”. Em sua obra, produziu vários filmes e livros
antológicos, que marcam a tomada de consciência de que para
alcançar-se um modelo de produção cinematográfica mais adequado à
cultura brasileira, seria também necessário lançar um olhar
historiográfico sobre a evolução da produção de cinema no país. Seu
livro “Introdução ao Cinema Brasileiro”, lançado em 1959, hoje é
adotado por inúmeros cursos universitários de cinema, inaugura a
historiografia do cinema nacional.
Ao longo de sua vida, Alex Viany,
generosamente, manteve seu acervo à disposição de todos que o
procuravam. Compartilhar era o desejo que, nos últimos anos, sua
filha Betina Viany (Elisabeta Veiga Fialho) se empenhou em
realizar, garantindo, assim, que o legado de seu pai se torne
accessível a todos.
O objetivo do presente site, produto do projeto DISPONIBILIZAÇÃO DO
ACERVO ALEX VIANY, patrocinado pelo Programa Petrobras Cultural e
desenvolvido pela E.T.A. Consultoria e Informática,
é garantir o acesso aos estudiosos, historiadores, cineastas e pelo
público interessado na evolução histórica do cinema brasileiro, a um
valioso banco de informações, abrangendo grande parte das bases culturais
que originam a identidade da produção cinematográfica no Brasil.
Estado inicial do Acervo
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O Acervo foi depositado pelo cineasta na Cinemateca do Museu de Arte Moderna
do Rio de Janeiro, na esperança de que no futuro fosse disponibilizado para consulta.
Em nosso primeiro contato, nos deparamos com nove arquivos de aço, com quatro gavetas cada um,
além de sua biblioteca e de sua coleção de periódicos.
Embora houvesse uma incipiente tentativa de organização do acervo, realizada pelo cineasta e por
outros pesquisadores, não havia condições mínimas de consulta ao conteúdo.
A falta de tratamento técnico adequado da documentação colocava em risco a sobrevivência
física do conjunto, devido à natureza dos suportes ali existentes, quase sempre de alto teor de acidez e grande
fragilidade. A deterioração do acervo fora agravada pela mistura de materiais: recortes com fotos, press-releases
com manuscritos e assim por diante.
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Instalações físicas e equipamentos
A Cinemateca do MAM cedeu temporariamente ao
projeto a sala 3 do chamado "Bloco Escola", que apresenta uma
ante-sala medindo aproximadamente 10m² e uma sala de aproximadamente
15m².
As salas foram devidamente pintadas e limpas,
receberam um piso plástico removível e uma cortina na janela. Na
ante-sala ficaram os arquivos de aço contendo os documentos, uma
mesa com cadeira para a higienização do material e duas estantes
destinadas ao trabalho de catalogação da biblioteca Alex Viany. Na
sala principal foram instalados os computadores, um armário para o
material de consumo diário e uma bancada de fórmica branca destinada
à manipulação e digitalização dos documentos.
Foi instalada uma rede com quatro computadores
de alta performance, "Pentium 4 com 1Gb RAM, HD de 160Gb e monitores
de 17 polegadas, uma impressora multifuncional, oito cadeiras.
Levantamento do Acervo
Nosso primeiro passo foi um completo
levantamento de todos os itens constantes em cada gaveta, no intuito
de criar códigos de localização e classificação. Os arquivos foram
numerados de 1 a 9, as gavetas de cada um foram ordenadas A a D, e
as pastas contidas em cada gaveta receberam também uma numeração que
possibilitou a localização de cada item nelas contido. Os documentos
soltos encontrados nas gavetas receberam uma numeração seqüencial a
fim de nos fornecer a localização exata de todos os itens
documentais. Durante o processo de identificação de cada documento,
foi elaborada uma planilha com a classificação por séries e
sub-séries documentais, e ainda uma descrição mais detalhada de cada
item.
Com base nessa organização inicial criaram-se
códigos do tipo: A4-GC-P02-I3.14, indicando que o documento
encontra-se no arquivo 02, gaveta C, pasta 02 e constitui o item
3.14. Dessa forma, mantivemos a disposição dos documentos como
encontramos.
Para que a classificação fosse o mais eficiente
possível, desenvolvemos fichas de classificação para serem anexadas
a cada documento.
A figura acima apresenta a ficha de classificação
dos itens documentais. O item descrito na ficha de classificação
está catalogado como série 15 (suporte), subsérie 15.1 (pastas), em
bom estado de conservação, data indefinida, número de folhas apenas
uma (esse campo vale para contabilizar dos documentos a serem
digitalizados), idioma português, título "Papéis de Trabalho", a
pessoa responsável pela classificação desse item foi Betina Viany e
não se fez necessária qualquer observação a mais.
A partir do próprio levantamento, foram identificadas as
seguintes séries documentais:
Séries
01 – Coleção Bibliográfica
02 – Recortes de Imprensa
03 – Correspondências
04 – Documentos Pessoais
05 – Historiografia
06 – Produção Audiovisual
07 – Produção Literária
08 – Crítica Cinematográfica
09 – Documentos de trabalho
10 – Entrevistas
11 – Pesquisa
12 – Audiovisual
13 – Iconografia
14 – Divulgação
15 – Suporte
16 – Legislação
17 - Miscelânea
18 - Objetos
As quais foram subdivididas em subséries.
Desenvolvimento do Site
Optamos pela construção de um Site na Internet
para disponibilizar os itens descritos e digitalizados do acervo,
como forma de realizar o desejo do próprio Alex Viany, de que toda a
informação contida pudesse ser disponibilizada com facilidade para o
maior número possível de pessoas. Devido ao grande volume de dados a
serem disponibilizados, adotamos a estratégia de programação mais
simples. Todo o site é construído na linguagem PHP, para que possa
ser acessado por usuários de qualquer tipo de equipamento ou
conexão. O conceito visual do site parte da utilização do tom
púrpura (cor predileta de Alex, Segundo sua filha) intercalando com
o cinza claro para a compensação do valor cromático. O site segue os
princípios da simplicidade e austeridade, que marcaram a postura de
Alex desde o início de sua trajetória.
Banco de Dados
Para a coleta e sistematização de informações,
bem como o registro dos links para a recuperação das imagens,
utilizamos o banco de dados Access. Ao final do levantamento, seu
conteúdo foi carragado no site, para
permitir a busca e visualização dos documentos.
Digitalização e Editoração das imagens
Os documentos foram fotografados
em condições adequadas de iluminação, com alta resolução, em formato JPEG.
Este processo ficou a cargo de dois profissionais, que utilizaram duas
câmeras digitais CANON PowerShot A 640, com resolução máxima de 10 megapixels.
As imagens foram armazenadas em lotes e estes enviados ao computador servidor da rede interna,
para serem editoradas e enviadas para o site na internet, onde estarão identificadas ao
banco de dados lá carregado, podendo assim ser consultadas.
O processo de editoração das imagens consiste em tratá-las dando-lhes
resolução e formato adequado - em formato JPEG, com cerca de 100Kb cada - a seu armazenamento e
visualização na internet. Este procedimento ficou
a cargo de um profissional usando softwares de código aberto, que permitem a execução de todos os
procedimentos necessários à formatação e renomeação dos arquivos.
Após a correção e dimensionamento da imagem, o nome do arquivo dado pela câmera
era trocado, seguindo uma codificação que a identificasse de forma unívoca no sistema. O nome definitivo
obedece ao seguinte padrão:
[instituição]-[acervo]-[fundo]-[série]-[sub-série]-[localização anterior][item]-[página]
Ex: MAMRJ-AV-AP-01-12-A4G1I52-051.jpg.
Após a editoração, realizava-se o "upload" das imagens tratadas para uma pasta específica
no site, relacionando-as com as informações contidas no banco de dados.
Foram digitalizados e estão disponíveis no site cerca de 13.000 itens documentais,
totalizando 70.500 imagens, que ocupam 8,25 GB (gigabytes) de infomação.
Reacondicionamento do Acervo Físico
O Acervo Físico foi integralmente acondicionado em caixas de material alcalino, respeitando
a ordem das séries e subséries, e armazenado em armários especialmente comprados para esse fim, passando a integrar
o Acervo da Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
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